Me chamou a atenção como os cordobeses, bem diferente dos brasileiros, não ligam a mínima para a estética de seus carros. Amassados, sujos e antigos. Muitos Peugeots, Wolkswagens e Fiats, entre eles vários 147s. A cidade não me pareceu ser um lugar pobre, portanto, acredito ser uma questão cultural. E, mais estranho ainda, nenhum Fusca. Descobri depois, pesquisando na Internet, que o Fusca é raridade na Argentina. Devia ter vendido o meu por lá.
Conversando com o motorista do taxi, nos dirigindo ao nosso primeiro hostel na Rua Ituziangó 1070, onde uma cama em quarto compartilhado custava 35 pesos, percebi que meu portunhol ia deixar na mão, pois a comunicação era lenta e sofrida. Após o taxista ir embora com nosso troco, descobrimos que deveríamos ter pedido "câmbio" ou "vuelta".
Às 3:00am do domingo, após preenchermos nosso "nombre" e "apelido" (sobrenome) no Hostel, em um bairro badalado cheio de bares e "boliches" (baladas argentinas, não é o jogo de pinos), facilmente confirmamos a beleza das mulheres argentinas. Após saborear uma refrescante Quilmes Stout, paramos em um bar próximo, tomamos uma Heineken de litro acompanhado de um excelente crepe argentino. Foi muito útil saber que "propina" significa gorjeta, pois fomos alertados por um argentino na mesa vizinha que a garçonete merecia. Enfim nos rendemos à poucas porém profundas horas de sono.
10:00am. Fechamos o hostel e subimos a pé pelo centro de Cordoba. As antigas arquiteturas nas fachadas exibiam com as tradicionais cores verde piscina e rosa desbotado os diversos serviços e comércios: "gomaria" (borracharia), "motociclos", "flete" (frete) entre outros, em meio à tranquilidade de uma manhã de domingo. Em uma "panadaria", tomamos "hugo de naranja" (suco de laranja) e "pan con jamón e queso" (pão com presunto e queijo). Perguntamos por "baño" (banheiro) no Mercado Municipal de Cordoba, mas estava fechado.
Fomos recebidos, na Av. Jujuy 341, no Hostel Centro pelo Pablo, que nos acomodou em ótimas instalações por 45 pesos a noite. Ficamos os 3 em um quarto com 3 beliches, ventilador de teto, lockers particulares e banheiro compartilhado. Conheci a Patricia, colega de hostel, uma brasileira estudante de Espanhol de Bagé-RS, que gentilmente interrompeu seu café da manhã para me ajudar na comunicação a fim de traçarmos nosso roteiro de domingo. Ansioso para conhecer as belezas naturais da Cuesta, à oeste de Cordoba, escolhemos como destino, remexendo fotos e mapas, Rio Ceballos, 30km à norte e Carlos Paz, 30km à oeste.
Do "terminal chico" (mini rodoviária), próximo ao Hostel saem ônibus de 30 em 30 minutos para ambos os destinos. 6.50 pesos cada um e embarcamos ao norte para Rio Ceballos. Uma cidadezinha pequena e confortável, com pontes sobre riozinhos, pontos de ônibus adornados e, para minha felicidade, um casino! Andamos por mais de 2 horas nos dirigindo ao "Dique La Quebrada", uma represa enorme que fornece água potável para a cidade. Construção em arco, ao estilo da represa de Nevada, em Las Vegas. Infelizmente a água não era muito convidativa para um mergulho, e não estávamos no pique de caminhar mais 1 hora para alcançar a cachoeira que disseram haver à frente.
De volta à Rio Ceballos fomos ao pequeno casino 87RIO, com máquinas de slot, mesas de craps, poker, blackjack e roleta. O Igor e o Luiz jogaram umas moedas nos slots, e eu, obviamente, perdi 100 pesos na roleta e no poker contra a mesa, pois eu só ficava olhando para a linda crupiê, nem prestava atenção nas cartas. Foi o prejuízo mais divertido que já tive. No casino conseguimos comprar pesos com cartão VISA, com um câmbio mais barato do que os pesos comprados no Brasil.
Como não havia ônibos direto de Rio Ceballos para Carlo Paz, tivemos que abortar o segundo destino e voltar para o Hostel. Antes, passamos no Beto's da Av. San Juan "Parrilla Diente Libre" (churrascaria rodízio), porém as carnes de lá não me agradaram muito, embora as empanadas e as "papas com huevos" (batata frita com ovos) estavam boas, sem falar nos vinhos, que eram muito baratos. Chegando no Hostel, Pablo havia sido substituído por Gastón e Bruno, dois cordobeses que tocam a hospedaria de uma forma bem mais animada. Uma "parrillada" (churrascada) esfumaceava todo o ambiente, acompanhado de "cervezas" Quilmes e pebolim com jogadores "amarillo y azul" (amarelo e azul) do Boca Jr.
Sendo nossa única noite em Cordoba, voltamos à Ituziangó para conhecer as baladas, porém domingo a noite já não havia a mesma badalação de sábado, todos os "boliches" estavam "cerrados" (fechados). Encontramos uma certa badalção em um pequeno bar no estilo garagem, com muito rock'n roll argentino e quadros de personalidades locaais pelas antiquadas paredes. Nos chamou a atenção o patriotismo e a empolgação dos jovens presentes, que entoavam as letras músicas na maior animação, parecendo ser som ao vivo. Após um par de Quilmes de litro por 18 pesos, voltamos ao Hostel.
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