Não bastou sermos abençoados com um belo planeta riquíssimo em recursos naturais, extremamente agradável e apropriado para nossa vivência. Não foi suficiente todo o carinho que o Criador modelou as florestas, o solo, a fauna, o céu e o ar para nos fornecer alimentos, temperatura agradável, condições de vida perfeitas.
Nós somos muito mais inteligentes e exigentes do que isso. Nós precisamos extrair, sugar, queimar, destruir e pelar a natureza para engrandecer nosso conforto.
Não interessa se faremos a fauna sofrer, os rios secarem e o céu pegar fogo. Tudo é válido em nome do nosso conforto, afinal, somos "donos do mundo".
O apetite arrogante que temos pelo progresso pisoteia a natureza como se fosse um pequeno detalhe a ser transposto.
Na noite de 15 de novembro, moradores das proximidades do Porto de Paranaguá no litoral norte do Paraná foram expectadores da explosão do navio chileno Vicuña, que descarregava milhões de litros de metanol e óleo, causando quatro vítimas fatais entre os tripulantes.
De acordo com fiscais do Ibama e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) não foram tomadas medidas adequadas paara se proteger o meio ambiente.
O óleo derramado está se espalhando por mais de quatro quilômetros pelo litoral, atingindo áreas protegidas e reservas ecológicas como o Parque Nacional do Superagui e a Ilha do Mel, causando danos irreparáveis à natureza.
Esta carta é um apelo à Capitania do Portos, à Polícia Federal, ao superintentende do APPA, Eduardo Requião, e qualquer outra autoridade competente para que levantem as responsabilidades do acidente, investigando a fundo a segurança do Porto de Paranaguá, a Cattalini Terminais Marítimos e a Sociedad Navieira Ultragas, responsável pelo navio Vicuña a fim de punir e máximas instâncias que a lei permite os indivíduos que agiram de forma irresponsável e incompetente que, alimentando seus egos internos e não respetando as dádivas concedidas pela natureza, deixaram este lamentável acidente acontecer, destruindo a natureza e a vida de milhares que dependem dela, entre pescadores e pessoas que vivem do turismo na região. Nós somos intrusos neste mundo, não temos o direito de acabar com ele
(Marcio Ghiraldelli - RG 30.318.882-0 - um apaixonado pela Ilha do Mel)
- Veiculado no Jornal da Cidade de Bauru em 21 de novembro de 2004